Tábua foi no séc. XII honra da família dos «Cunha», por dádiva da Infanta D. Tereza, conforme as Inquirições de 1258. Todavia, aquilo que veio a constituir e delimitar o actual concelho de Tábua foi a Reforma dos concelhos ocorrida em meados de Oitocentos, com a criação do concelho de Tábua que substituiu e englobou os concelhos de Candosa (extinto em 1840 e anexado ao de Midões), de Midões (extinto em 1853), de Ázere e de Sinde.
O património do concelho espelha bem a sua antiguidade, destacando-se a Via Romana da Pedra da Sé, a Ponte Romana dos Sumes, os vários lagares, lagaretas e sepulturas antropomórficas, bem como, mais recente, os pelourinhos e a Capela de Nosso Senhor dos Milagres, a qual, sumariamente, passamos a caracterizar:
A Capela do Senhor dos Milagres é um imóvel classificado como IIP – Imóvel de Interesse Público, através do Decreto nº 40 684, DG nº 146, de 13 Julho, 1956.
Pertence ao período do Barroco (tardio).
No exterior assiste-se à repetição da simetria dos planos e à constituição de dois volumes: o do altar-mor e sacristia – rectangular; e do corpo principal de entrada – octogonal.
No interior, a planta apresenta-se octogonal, com dois altares laterais, simétricos, típicos do Barroco, e um altar central – o grande palco do Barroco.
A pintura e decoração são exaustivas nos altares e estátuas – deslumbramento simétrico e teatral do Barroco.
A palma é um dos elementos típicos do barroco e surge várias vezes, em maior ou menor escala, pois é um exemplo perfeito das noções de volume, simetria e movimento.
Tecto em abobada, rematado com uma pinha. (Crê-se que já foi reconstruído nos anos 40 do século XX, devido à queda de árvores).
Uso da técnica do fresco: pigmentos naturais em pó, diluídos na hora em que se faz a sua aplicação/decoração,
Estatuária, recorre á técnica do estofo: capeamento que é dado à estátua antes da pintura propriamente dita, de forma a dar relevo à pintura e a uma outra noção muito importante no barroco, a ideia de movimento.
Situada em frente da igreja matriz, a capela do Senhor dos Milagres remonta ao século XVIII. De estilo barroco rocaille é constituída por um alto corpo octogonal e por outro retangular, abrangendo este último a capela-mor e a sacristia.
No interior da capela a articulação entre os dois corpos faz-se através de um arco de triunfo de volta perfeita, ladeado por duas capelas com arcos semelhantes, mas mais baixos. As caixas dos púlpitos, entre estes três arcos, apresentam uma decoração de grinaldas assentes em mísulas de enrolamento, já de final do século XVIII.
Tanto os dois púlpitos como os dois retábulos laterais inserem-se no estilo rococó. Apesar de simétricos apresentam caraterísticas diferentes, nomeadamente nos acabamentos mais arredondados e volumosos. Do lado da Epístola pintura representando “A última Ceia”, no lado do Evangelho talvez “A Deposição”.
A capela-mor destaca-se pelo retábulo dourado e policromado, com duas imagens de boa qualidade, “Piedade” e “São José e o Menino”. Tem abóbada de tijolo decorada com pintura; em que do centro pende largo florão com remate decorativo.
Em termos de cores, a paleta é idêntica para todo o conjunto.
Retábulo mor
Produzido em madeira de castanho, dourada e policromada onde surgem representados os cinco símbolos do martírio de Cristo, nomeadamente a cruz, a coroa de espinhos, os pregos, as lanças e o vinagre (dado de beber a Jesus a caminho do calvário).
Ostenta várias cores e formas, destacando-se o sol presente no topo com a inscrição em latim IHS (Jesus Salvador do Homem). O sol está presente também no sacrário.
Retábulos laterais
Os retábulos laterais de talha dourada e policromada foram produzidos ao gosto do estilo rococó. Possuem colunas de fuste liso, características deste estilo.
O retábulo lateral direito acolhe ao centro a imagem de Nossa Senhora da Piedade (Pietá) que com Jesus nos seus braços representa o momento do calvário de Cristo. Por detrás desta surge uma pintura sobre madeira, que ilustra o momento em que Jesus é retirado da cruz, como cenário da figura que está diante dele.
O retábulo lateral esquerdo acolhe a imagem de S. José, pai de Jesus. Por detrás desta e à semelhança do retábulo lateral direito, surge igualmente uma pintura sobre tábua, que representa a última ceia, com a particularidade de apresentar o apóstolo Judas com um saco de moedas.
Púlpitos
Seguindo a morfologia dos retábulos laterais, também os dois púlpitos foram produzidos ao gosto do estilo rococó.